- Classes sociais têm a ver com reprodução de privilégios.
Em todos os lugares do mundo as elites ficam com o que é melhor. Mas no Brasil a elite é burra porque não faz planejamento a longo prazo e por isso pode ser considerada uma elite escravocrata, preocupada com o "saque" a curto prazo porque não tem como calcular os fatores da produção então se orienta pela tradição.
Atualmente não há mais escravidão mas a mentalidade é a mesma com um tipo de família desestruturada que os mais fortes abusam dos mais fracos. Os papéis sociais não viabilizam o sucesso escolar das crianças, como disciplina, capacidade de concentração e autocontrole. A culpa é da sociedade que abandona essas pessoas que vão cumprir papéis sociais de modelo escravocrata, como a empregada doméstica, por exemplo.
Classe trabalhadora é tratada na base da sabre, da mentira e engodo, como aconteceu na greve de 1917, envolvendo os italianos.
Classe média tem grande capital que é o conhecimento (letrada) na década de 1920, com o tenentismo.
Origem da classe média: nasce nas funções de mercado e de Estado e cuida da supervisão, controle e legitimação da produção do modelo de sociedade que favorece as elites. Classe média não é renda média. A classe média se constitui em 20% da sociedade e a renda média é o que ganha o trabalhador precarizado. Classe social não tem a ver com renda mas com reprodução de privilégios.
Ex: Contadores, economistas, jornalistas, advogados, professores universitários, juízes...
Golpe é diferente de revolução. Ex: Revolução de 1930. Golpe é quando há uma tomada de poder numa ordem democrática. Na política Café com leite não havia uma ordem democrática.
A USP foi criada para atender aos interesses das elites no sentido de produzir uma explicação sobre o Brasil para criar o sentimento de nacionalismo na população. Trata-se de um plano para dominar a sociedade brasileira.
Patrimonialismo é usado aqui para explicar o Brasil mas até 1930 não existia uma explicação sociológica sobre o que era o Brasil. Essa interpretação será construída por intelectuais como Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro. Mas quem tem a produção acadêmica que s torna hegemônica será Sérgio Buarque de Hollanda. Para esse autor nós somos a contraposição dos EUA com uma cultura desonesta motivada pela emoção... E isso é uma bobagem porque nos EUA também há muita corrupção, como o capitalismo financeiro norte-americano, por exemplo. Por isso essa construção de uma relação de superioridade e inferioridade não possui nenhum fundamento na realidade.
De acordo com a construção teórica de Platão a virtude se encontra no domínio do corpo pelo espírito. Essa compreensão está espalhada pelo mundo e foi difundida pelo cristianismo, que se apropriou de Platão. Trata de um tipo de hierarquização sobre o mundo onde o trabalho intelectual é feito por quem é virtuoso e quem não é desempenha o trabalho manual.
Quando Raymundo Faoro disse que o rei português praticava o patrimonialismo se enganou porque tudo era do rei então ele não poderia se apropriar inadequadamente do que já era dele. A relação do rei português com seus súditos era igual a que existia entre o rei Henrique VIII em seus domínios, na Inglaterra. E isso não pode ser tratado como corrupção porque era tudo do rei. Nesse sentido a corrupção do Brasil não foi herdada de Portugal. Essa interpretação tem como objetivo nos fazer acreditar que a corrupção está no Estado e não no mercado. No capitalismo a elite de fato não está no Estado mas sim no mercado porque ela compra os parlamentares e intelectuais, por exemplo. O mercado é uma construção de interesses organizados. De acordo com o patrimonialismo o poder está no Estado e esse poder é em si suspeito porque a corrupção está somente lá.
Populismo: o pobre não tem instrução e por isso é facilmente manipulado. Assim as lideranças dos pobres ficam com uma imagem ruim, como se fosse incapaz de participar da política. Mas o pobre não é burro. O populismo trata o pobre como burro por falta de instrução e assim monta uma restrição e estigmatização da soberania popular no discurso, limitando o alcance da regra da soberania popular. Mas a classe média também é manipulável e não sabe.
A corrupção só pode ser pensada a partir do século XVIII com a construção da noção de soberania popular, quando surge o início da construção da separação entre o que é do Estado e o que é do povo, ou seja, a construção da noção do que se constitui num bem público.
O comportamento humano é formado pela família, escola, mundo do trabalho... Nesse sentido o aspecto cultural não possui fundamento sanguíneo.
Regime escravocrata que continua sob a forma moderna:
- As elites têm um plano para dominar ideologicamente a sociedade para ter o monopólio do mercado
e a captura do Estado pelos interesses econômicos.
- Distância social entre as classes sociais.
- Ódio e desprezo aos pobres com genocídio tendo a classe média como responsável porque aplaude a ação das polícias. Morrem cerca de 60.000 pobres por ano.
Os conceitos de patrimonialismo e populismo criados na década de 1930 vão amadurecer na década de 1970 e criam um bloco antipopular.
- Classes sociais têm a ver com reprodução de privilégios.
- Elite econômica: deseja reproduzir através dos seus filhos o acesso ao capital econômico através do sangue e da herança.
- Classe média: acesso ao capital econômico é muito restrito, então o capital essencial reproduzido para os seus filhos é o conhecimento socialmente valorizado para a ascensão social.
Fontes: