quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Ideologias políticas no Brasil


Sobre "direita" e "esquerda"...

Quando falamos em ideologias de esquerda, direita liberal ou conservadora é comum que haja confusão, como se esquerda fosse tudo a mesma coisa, assim como se o pensamento conservador não fosse uma ideologia. Por isso é importante ter conhecimento teórico sobre o que se diz, para que o debate político, tão indispensável para as pessoas na vida em sociedade, não fique no plano do senso comum, cheio de opiniões sem fundamento científico.

As ideologias popularmente conhecidas como “esquerda” têm origem na época da Revolução Francesa, com o filósofo Jean-Jacques Rousseau. Ele acreditava que as desigualdades entre os seres humanos tinham origem no surgimento da propriedade privada. E como solução ele apresentou a possibilidade de um contrato social onde seria constituído um governo, que deveria obedecer à vontade popular, com poder questionável, podendo ser revogado. As propostas teóricas construídas após Rousseau que defendem a liberdade coletiva em acordo com a propriedade coletiva são popularmente conhecidas  como socialistas. Nesse sentido, Rousseau  lançou as bases do plano ideológico do que seria a vida das pessoas sem a propriedade privada.

As ideologias popularmente conhecidas como “direita liberal” também têm origem na época da Revolução Francesa, com o filósofo John Locke. Ele acreditava que as desigualdades entre os seres humanos estão relacionadas ao modo como acontece acumulação das riquezas na sociedade, podendo levar à escassez caso não seja considerada a lei natural. Um exemplo que pode ser observado é a questão do desmatamento na Amazônia, aqui em nosso país. A possibilidade de escassez de água potável é um dos motivos pelo qual os seres humanos escolhem viver sob o contrato social, para regular a propriedade, onde o consenso será estabelecido pelo acordo das opiniões. Para Locke uma pessoa não deve haver se apropriar dos recursos naturais de modo a prejudicar outras pessoas, porque o direito à apropriação estaria violando o direito natural, uma vez que a natureza existe para todas as pessoas. Nesse sentido a delegação de poder, senso consensual, garantirá que haja justiça. Trata-se de um exercício de poder temporário, questionável e revogável de acordo com a vontade popular.

Quando ele escreve, há três formas de religiosidade: católica, protestante e deísmo. Ele considera essencial falar em Deus porque freia o homem. O que interessa é a obediência na Terra para conquistar a eternidade. Sobretudo o filósofo considerou que político não pode estar vinculado com o poder religioso. Desse modo ele defendeu o Estado laico, com neutralidade religiosa. A soberania está na comunidade política: se o Legislativo tem poder delegado, ele é o poder supremo. O Executivo opera continuamente, dentro da lei. Cabem ao Executivo as funções judiciárias e a condução da política externa. Ele diz que o povo é soberano, antes e depois do pacto. No segundo tratado de Locke o Estado é fundado num acordo entre os indivíduos. O poder do Estado é consentido, desejado, quando deriva de um contrato social. Locke introduz a novidade de que os governantes não devem ser permanentes, para não governarem de acordo com seus próprios interesses, em detrimento da maioria. Ele representou, portanto, o modelo no plano ideológico, do que seria a vida das pessoas com a propriedade privada a liberdade individual.

Assim como as duas anteriores, as ideologias popularmente conhecidas como “direita conservadora” se originam na época da Revolução Francesa, com o filósofo Edmund Burke. Ele acreditava que as desigualdades entre os seres humanos são naturais, e toda tentativa de busca por igualdade se torna uma violação na natureza humana. Desse modo o exercício de poder deve respeitar as desigualdades porque foram instituídas pela natureza, pelas normas morais e por Deus, de acordo com a perspectiva judaico-cristã ocidental. Em suas análises sobre a Revolução Francesa e o Iluminismo Burke chamou atenção para a capacidade natural que os proprietários possuem de exercício de poder político, em virtude de garantirem que não aconteçam mudanças como as que ocorreram a partir da Revolução Francesa. Ele entendia que quem se posicionasse contra o governo dos proprietários estaria contra a nação e a ordem social.


Consequências da pós-modernidade na sociedade brasileira.

Na sociedade brasileira a pós-modernidade - principalmente os benefícios da tecnologia da informação - foi sentida pela população com o fortalecimento dos movimentos sociais e desenvolvimento do pensamento crítico nas salas de aula em todo o país. Embora as reivindicações das minorias não pertençam de modo delimitado ao pensamento ideológico de “esquerda”, houve no imaginário social uma associação entre o “socialismo real”, já derrotado no plano concreto com a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, e os movimentos sociais. Verifica-se também que a população brasileira, de um modo geral, se divide entre a ideologia conservadora, que atua de modo concreto na busca pelo resgate da moralidade vigente no Brasil do século XX, herdada do patriarcado; e a ideologia socialista fundada em Bernstein, cujos militantes acreditam ser possível conciliar os interesses dos diversos setores da sociedade através da democracia liberal. Nesse contexto de conflito os conservadores se alinharam com o discurso nacionalista e os socialistas reformistas com o discurso internacionalista, que os compromete no campo ideológico da moralidade - é comum que os conservadores considerem que os liberais e os comunistas estão errados em sua escolha pelo internacionalismo. Os liberais, que também são internacionalistas, nesse cenário brasileiro conflituoso, ficaram com pouca visibilidade no jogo político e se alinharam com os conservadores. O resultado das alianças políticas culminou na vitória dos conservadores no plano nacional de disputa pelo comando do país na esfera federal. Diante dessa realidade é bem interessante a compreensão da visão de mundo desses grupos em disputa, e como a tecnologia da informação contribuiu para o desenvolvimento do pensamento crítico nas salas de aula, assim como para o debate público em torno do conflito entre a cultura local, defendida pelos conservadores, e a cultura global, reivindicada pelos movimentos sociais na atualidade.

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