sexta-feira, 5 de abril de 2019

Maria Isaura Pereira Queiroz

Maria Isaura Pereira de Queiroz (1918 – 100 anos)

Maria Isaura é uma intelectual licenciada em Ciências Sociais pela USP em 1949, produziu a Sociologia do fenômeno político brasileiro. Ela se dedicou ao processo de consolidação da Sociologia Política no Brasil. Em seus estudos ela compreendeu que as relações de poder que existem na sociedade brasileira estão estruturadas sobre a solidariedade familiar. A autora também pesquisou sobre os conflitos entre as famílias e concluiu que fazem parte de um modelo de organização em torno de famílias é um modelo nacional. Nesse cenário é a honra da família que envolve a questão da disputa. É o senhor que decide quando a honra está sendo violada. O poder “territorial” do qual o senhor de terras dispõe é uma característica nacional. O senhor é socialmente considerado “homem bom”. O poder político local é exercido pelo senhor de terra, o “coronel”. Ele exerce o poder político de forma indireta, pois ajuda a eleger os seus representantes e essa é a lógica do mandonismo, ou seja, o que ele manda alguém tem de fazer. O coronel não se elege diretamente, pois senão ele terá que sair do local, ele se faz representar (com essa representação implica uma consequência no estadual e no nacional).

O universo de estudo da Maria Isaura corresponde a uma perspectiva sociológica que considera a existência do que é arcaico e moderno em todas as culturas, ou seja, uma interpretação universalista. O mandonismo é abordado pela autora dentro dessa compreensão, sendo um conceito para explicar a relação entre as elites rurais brasileiras e as sucessivas classes políticas nacionais que se perpetuam no poder desde a época da colônia, até a república. A autora criou esse conceito com objetivo de explicar a maneira pela qual se relacionava a elite com o Estado já existente. Desse modo as elites rurais perdem parcela de seu poder após 1930. Em todo esse período os senhores nunca puderam deixar de se preocupar com o poder político instituído. Essa elite rural foi recorrer ao mandonismo como forma de exercer o poder político. Essa elite rural foi capaz de dominar sucessivamente as classes políticas, fazendo-as representar seus interesses.

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