terça-feira, 18 de junho de 2019

Pensamento conservador: Edmund Burke.


O que Burke pensava sobre as revoluções:

     As sociedades humanas, desde a antiguidade, passaram por transformações culturais, onde se localizam as relações econômicas e políticas. Essas mudanças produzem transformações nos demais aspectos da vida social. É importante lembrar que todo tipo de transformação social produz algum tipo de conflito, porque sempre haverá quem sinta saudade da época anterior.

     Em nossa sociedade isso se verifica todos os dias em redes sociais, pessoas que consideram que a realidade brasileira era muito melhor no século XX. Na época da Revolução Francesa também existiam pessoas com pensamento crítico em relação ao modo como a sociedade francesa ficou após a revolução. Entre tais pessoas se destacou Edmund Burke, que escreveu sobre a França comparando a realidade antes e depois da revolução.

     Burke era Irlandês, filósofo e participava das relações de poder na sociedade inglesa. Tinha uma postura crítica em relação ao poder régio porque considerava que o rei deveria ter limites, para que na monarquia inglesa não houvesse nenhum tipo de abuso de poder sobre seus súditos. Nessa época a população estava insatisfeita porque existiam pessoas que eram “amigas” do rei e através de relações pessoais tinham privilégios. Imagine que em nossa sociedade o poder legislativo crie leis para beneficiar a si mesmo e aos seus “amigos”, ou que o poder judiciário julgue de modo benevolente com algumas pessoas e muito rigor com outras pessoas porque possui interesses pessoais. Era isso o que acontecia naquela época na Inglaterra entre o rei, seus “amigos” o os demais súditos. Burke acreditava que os partidos políticos poderiam evitar os abusos da monarquia e impedir que os interesses pessoais predominassem prejudicando a impessoalidade que deveria existir nas relações entre o rei e todos os súditos.

     Quando dizemos que as relações são impessoais na política significa que o interesse público é atendido, que todos os cidadãos possuem suas necessidades atendidas pelo governante. É como se o governo brasileiro tivesse a preocupação em atender as necessidades de toda a população e não somente de alguns grupos que existem na sociedade.

     Para Burke a economia deveria ser liberal, defendia que os colonos ingleses tivessem liberdade de comércio, e a política deveria ser conservadora, inclusive acreditava na manutenção das tradições. Em seu argumento existia a comparação entre a sociedade inglesa e francesa. As normas jurídicas as sociedade inglesa teriam sido o resultado de uma evolução histórica, considerando todos os aspectos da vida social inglesa, ou seja, tudo o que está presente na cultura. E as normas jurídicas da sociedade francesa teriam sido resultado de pensamentos, ou seja, de algo imaginado e nunca havia sido vivido pelos franceses.

     Em sua tese de manutenção de tradições Burke compreendia que as pessoas que compõem as sociedades humanas não poderiam construir normas morais e jurídicas sem considerar as pessoas que já existiram e as que ainda existirão, como era a proposta iluminista. Mas quando a palavra “conservador” começa a circular na França, em 1910, a ideia de manutenção das tradições significava manter a organização social que os jacobinos tinham destruído. Atualmente quando falamos em conservador percebemos que há significados, em relação à moral e a economia. Ser conservador moralmente é equivalente a não questionar os costumes que orientam o comportamento das pessoas na vida em sociedade. Uma pessoa considerada conservadora em relação à economia acredita que o Estado deve controlar as relações comerciais em seu território. Além disso, os conservadores entendem que as relações comerciais fazem parte do hábito da história da humanidade, seja por trocas ou por acordos.

     Os conservadores são céticos em relação a associar poder político e imaginação. Eles duvidam de que possa haver idealizações na política. Há oposição entre fazer política a partir da realidade concreta, de modo cético; e de idealizações, imaginando como deve ser a realidade. Essa crítica dos conservadores pode ser compreendida em relação ao que Rousseau escreveu sobre a política, cujo desdobramento é possível encontrar em Karl Marx e Friedrich Engels.

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