Ciência e política: duas vocações.
Política como vocação: é possível a ação política por vocação?
A palavra política encontra-se empregada pelo autor no sentido da sua orientação. Quem faz política almeja o Estado, porque deseja a intervenção por meio do uso legítimo da força física. O consentimento pode ser alcançado por meio da rotina diária ou por meio do momento extraordinário.
É possível viver a política de dois modos distintos:
1.Viver da política: político profissional. O jornalista é um exemplo de político profissional, porque embora não almeje o Estado faz uso da palavra impressa para defender quem lhe beneficiará futuramente. Trata-se do demagogo.
2.Viver para a política: político que defende uma causa, não precisa da política para ter dinheiro. Participa da vida política a fim de contribuir. O político por vocação deve possuir três qualidades:
2.1. Paixão: deve existir moderadamente e não pode predominar sobre as demais. Essa paixão não se relaciona com a emoção, mas com uma objetividade latente.
2.2. Senso de responsabilidade: o político deve avaliar as consequências da sua conduta.
2.3. Senso de proporção: o político deve ser capaz de permitir que a realidade atue sobre ele sem perder o equilíbrio. Por isso é necessário o desapego.
Max Weber não considera que haja problema em existirem alianças políticas, mas o político deve possuir habilidade para construir as alianças políticas. Do ponto de vista ético e legal realmente não há problema, todavia deve ser analisado cautelosamente o jogo de forças, a fim de que não se perca o controle. Entre adversários ideológicos em algum tipo de aliança política, a traição não é condenável, somente entre lados regidos pelo mesmo princípio ideológico.
Como o ser humano não gosta de ser contrariado, a política é um meio para o exercício de dominação. Por isso a legitimidade é importante para as relações de poder estabelecidas em sociedade. É através da legitimidade, ou seja, da aceitação do outro ao nosso comando que conquistamos o que desejamos.
Ética e Política
Ética e política se relacionam na medida em que a ética reflete a criação das regras pelos homens e a política implica numa intervenção sobre alguém. Como não há consenso nem neutralidade absoluta num corpo social sempre haverá alguém contrariado. É possível identificar dois tipos de ética:
a. Convicção ou de valores: referente aos princípios absolutos, as ações do político estão voltadas para o benefício próprio, num plano moral.
b. Responsabilidade: referente às ações do político em relação ao grupo. São morais as ações que forem úteis para a coletividade.
Ciência como vocação:
O que a ciência tem a dizer sobre a vida de cada indivíduo?
Como alguém pode se dedicar a algo que exige superação?
A ciência foi responsável pelo processo de desencantamento do mundo, caracterizou a retirada da religião, da magia, do estado teológico, do fetichismo, do sobrenatural das explicações acerca das relações entre os homens e a natureza. Essa é a pretensão da ciência, promover o desencantamento, ou seja, explicar de modo racional o que antes era atribuído ao sobrenatural.
A ciência responde certas questões de forma diferente. São questões que somente as universidades e as associações científicas respondem. A produção científica não possui como objetivo promover o cientista, mas, sobretudo o conhecimento nela contido. Quando o cientista faz uso do conhecimento para se promover se dedica a si mesmo e não à ciência em si. O cientista é percebido pelo autor como alguém que está sujeito a ser superado. A ciência deve possuir um valor em si mesma, não é neutra porque é refutável e deve ser protegida contra valores que não sejam os seus. A ciência implica racionalização, com latente valorização do cálculo, a fim de promover a maximização do lucro na moderna sociedade capitalista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário