quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Ciências sociais e ciências naturais

Saint-Simon (1760 -1825)

Considerado o fundador do positivismo pela influência que exerceu sobre Auguste Comte, principalmente entre 1817-1824, quando este foi seu colaborador. Foi influenciado pelas ideias iluministas e considerou que a industrialização seria capaz de reorganizar a sociedade a partir das consequências da Revolução Francesa, que teria gerado o caos na sociedade. O desenvolvimento econômico ordenaria a sociedade promovendo a paz e o progresso, pelos interesses espontâneos da produção.

A função desempenhada pela religião na sociedade seria substituída por uma ordem positiva, orientada pela observação dos fenômenos. E cada um receberia na nova sociedade conforme a sua contribuição, de modo cooperativo.
As elites responsáveis pela condução desse processo seriam formadas pelos cientistas e industriais. Segundo o autor seria indispensável a criação de uma ciência capaz de estudar as relações estabelecidas entre os homens, de acordo com os mesmos métodos de pesquisa das ciências naturais.

Por que as ciências naturais são diferentes das ciências sociais?

“Na história das ciências, elaborou-se uma epistemologia que separava o campo do social do campo do natural. O primeiro estaria sujeito a múltiplas interferências, o que torna difícil, senão impossível, a aplicação de conceitos como leis e determinações, a não ser sob condições muito particulares. As ciências sociais constituem o campo da indeterminação, pois os sujeitos humanos nascem dotados de vontade, liberdade e poder de escolha, mesmo sob as mais duras condições de existência e sob as condições estruturais mais impositívas. Já o campo das ciências naturais seria objeto do conhecimento positivo, da determinação. Assim foram pensadas e concebidas as ciências sociais durante um século.

Tal separação entre ciências sociais e ciências naturais deu azo a toda sorte de elucubrações e permitiu efeitos reativos, que afetaram o campo das ciências sociais. A saber, sob tai paradigma, as ciências sociais não eram consideradas ciências na mesma medida que os demais campos científicos, pois o campo das ciências foi sempre o campo do verificável, do comprovável, da objetividade, da positividade. Restaria às ciências sociais contentarem-se em fazer parte do campo das humanidades e das artes, o que não implicaria demérito, dado que as ciências sociais tratam de gente e não de coisas.
A revolução proposta por Prigogine consistiria em repensar a divisão entre ciências naturais e ciências sociais, permitindo uma aproximação em outro patamar. A divisão entre ciências sociais e naturais poderia, em alguma medida, ser superada, porque as ciências da natureza também enfrentariam restrições semelhantes às primeiras, em função do caos e da imprevisibilidade. À medida que combina caos com determinação, o autor se aproxima de alguma maneira das ciências sociais, cujos paradigmas limitam o emprego das noções de determinação e de leis cientificas, formuladas de maneira absoluta."

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0102-69922002000200002&nrm=iso&tlnq=ptConsulta realizada em 15/09/2013.

Atualmente o diálogo entre ciências naturais e ciências sociais é notório. Um olhar atento para as formas como as ciências da natureza se fazem presentes em nosso cotidiano torna clara a percepção do impacto do desenvolvimento das ciências naturais sobre as relações que os homens estabelecem entre si, por exemplo. Desse movimento surge a discussão entre natureza e cultura.

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