quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Émile Durkheim

Émile Durkheim (1858-1917)

Sociólogo francês que desenvolveu um método próprio de investigação para a Sociologia. Assim como os outros autores produziu a partir de um minucioso olhar para o caos em que se encontrava a sociedade francesa. A desordem não era resultado das transformações econômicas, mas das modificações morais. Nesse cenário, seria função da Sociologia, enquanto saber científico, buscar soluções para os problemas sociais. Por se tratar de um autor funcionalista privilegiava a função das partes na coletividade.

Em sua análise acerca das transformações advindas da revolução industrial busca compreender como é possível que uma sociedade se desintegre, como funciona a educação, a formação das instituições sociais, assim como a aceitação de determinados comportamentos.

O método durkheimiano de análise sociológica consiste na observação dos fatos sociais (modo de agir, pensar e sentir de uma coletividade), devem ser considerados como "coisas”. Isso significa que o pesquisador deve buscar a objetividade e neutralidade. O sociólogo deve ter uma postura neutra em relação ao seu objeto de estudo. O coletivo (social) é a base da definição da Sociologia. Pode-se afirmar que o “social”:

a. Exerce constrangimento, (sutil ou não) sobre os indivíduos.

b. Produz “sentimentos” (valores).

c. É uma entidade autônoma com características próprias e se manifesta através da realidade objetiva dos fatos sociais.

Os fatos sociais são fenômenos que contém ações e representações coletivas e individuais, podem ser institucionais ou não e se cristalizam de modo impositivo, ou seja, as partes (indivíduos) não são autônomas. Isso significa que na vida em sociedade não existe liberdade plena, tanto na esfera jurídica quanto na esfera moral (cultural), porque a coletividade, de modo impositivo, estabelecerá quais são as regras que o indivíduo deve obedecer para fazer parte do grupo. Se houver resistência haverá a coercitividade, que pode se manifestar com uma punição imediata ou pela simples exclusão do indivíduo do grupo. Vejamos com detalhes as características dos fatos sociais.

a. Exterioridade: a ideia de exterioridade existe na medida em que as regras que devem ser cumpridas não emanam da vontade individual, mas a ela se sobrepõem. A construção de tais regras existe num plano coletivo, por isso a ideia de exterioridade.

b. Coercitividade: a ideia de coercitividade sugere que há um mecanismo de convencimento da sociedade em relação ao indivíduo. Seria despertado nesse indivíduo o desejo de participar da vida social, e para que isso fosse possível teria que aderir ao modelo estabelecido pela sociedade. Evidencia-se, portanto, o privilégio do todo em detrimento da parte.

c. Generalidade (coletividade): fenômeno social coletivo, só existe nas partes porque existe no todo, ou seja, no corpo social. A obediência existe de modo tão espontâneo que as pessoas acreditam que suas ações são motivadas por escolhas próprias. E nunca são, porque a coletividade oferece uma espécie de “leque” de opções, mas sempre dentro das limitações estabelecidas.

Morfologia social: tipos de solidariedade.

A divisão social do trabalho para Durkheim promoveu a passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica.

a. Mecânica: característica das sociedades simples, onde os indivíduos são associados pela religião e moral. A produção econômica do grupo é autossuficiente e os mecanismos de controle são punitivos.

b. Orgânica: característica das sociedades complexas, da modernidade, cuja produção já se encontra na fase da manufatura, voltada para o desenvolvimento da atividade comercial.
As associações entre os indivíduos se dão pela complementaridade e interdependência necessárias à produção manufatureira.

Fatos Sociais Normais e Fatos Sociais Patológicos

a. O fato social normal existe em todas as culturas, possui regularidade e não desestabiliza a coesão social.

b. O fato social patológico não possui regularidade e desestabiliza a coesão social.

Suicídio

Existem três tipos de suicídio:

Egoísta
Ocorre quando o indivíduo não suporta as pressões da coletividade enquanto autoridade.

Altruísta
Ocorre pelo desprezo do instinto próprio de conservação, por uma causa coletiva.

Anômico
Ocorre pela desordem causada pela modernidade, pela incapacidade das instituições modernas em assegurar a integração dos indivíduos no corpo social. Cabe ao Estado a criação de instituições que assegurem a coesão social, assim como os mecanismos de coerção em situações de anomia.

Formas elementares da vida religiosa

Durkheim optou por estudar as formas elementares da vida religiosa a partir do totemismo australiano, por considerá-lo a mais simples e primitiva entre as religiões. Todas as religiões possuem uma natureza essencialmente social, onde estabelecem a divisão entre o sagrado e o profano. Nas tribos australianas existe uma relação entre clã e totem. O clã se caracteriza pela organização em parentesco não formado por vínculos de sangue. Sua referência se encontra em elementos da natureza, uma planta ou um animal. Um totem do clã é normalmente transferido pela parte materna. Cada totem possui um conjunto de símbolos que formam a sua identidade. Tais símbolos geram práticas sociais e asseguram a coesão do grupo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário